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Nos últimos dias, a American Eagle lançou uma nova campanha publicitária estrelada pela atriz Sidney Sweeney. O conceito é simples: ela conversa com a câmera, fala sobre o jeans e, no encerramento, surge o slogan “Sidney Sweeney has great jeans”. O trocadilho em inglês une “jeans” (calça) e “genes” (genética), insinuando que ela é bonita por natureza.
A proposta é uma piada de tio do pavê, simples, inofensiva e claramente inspirada na estética publicitária dos anos 90. Ainda assim, o comercial desencadeou reações previsíveis:
- Parte do público apenas elogiou a beleza da atriz.
- Outra parte viu o anúncio como um bom incentivo para comprar uma calça jeans.
- Uma minoria barulhenta acusou a campanha de “objetificação”, “eugenia” e até de ser um “apito de cachorro n4zista” por destacar uma mulher branca, loira e de olhos azuis.
Beleza, mercado e histeria seletiva
O debate não é exatamente novo. Há mais de uma década, parte da indústria do entretenimento vem relativizando os padrões tradicionais de beleza em nome da representatividade. Isso é legítimo e importante em muitos contextos, mas o pêndulo cultural se moveu tanto que, em alguns casos, tornou-se quase “proibido” valorizar a estética clássica.
A American Eagle, percebendo o momento, fez o oposto: resgatou o apelo visual dos anos 90, com foco em uma figura de beleza objetiva, para vender um produto. É lei de mercado: oferta e demanda. O público cansado das imposições culturais recentes respondeu com atenção e, como era previsível, a controvérsia amplificou o alcance da campanha.
O argumento da objetificação
Acusar objetificação em um comercial onde a modelo está totalmente vestida, falando sobre calça jeans, soa no mínimo contraditório quando comparado ao aplauso dado a videoclipes e performances onde há muito mais exposição do corpo. Essa régua desigual reforça que a questão, para alguns, não é a “exposição”, mas quem está no centro da narrativa.
O salto para o “n4zismo”
A acusação mais extrema foi a de que o trocadilho “genes” associado à imagem de uma mulher branca de olhos azuis seria um “aceno à supremacia ariana”. Trata-se de uma extrapolação forçada, que exige ignorar o contexto publicitário, a tradição de trocadilhos na propaganda e a existência de pessoas loiras e brancas fora de qualquer ideologia extremista.
Troque Sidney Sweeney por uma modelo negra ou asiática igualmente bela e o efeito seria o mesmo: um elogio à boa genética no sentido mais amplo e não político.
O fator “inveja” e o discurso contraditório
Outro ponto que emerge da crítica é a contradição com a ideia de sororidade. Muitas das vozes mais críticas vêm de mulheres que, em tese, defendem o apoio mútuo feminino. Mas, quando a figura em questão foge de certas agendas ou ostenta beleza incomum, o tom muda para hostilidade.
Sidney Sweeney não usa sua imagem para causas políticas, usa para ganhar dinheiro. E faz isso com consciência de que beleza é um ativo altamente valorizado, porém perecível. Do ponto de vista comercial, a American Eagle fez exatamente o que qualquer empresa faria: associou seu produto à commodity estética do momento.
Marketing, reação e tendência
O resultado prático? A marca ganhou projeção, inclusive entre pessoas que não conheciam seus produtos. Algumas até declararam que comprariam a calça só para “responder” à minoria que se ofendeu. Esse é o chamado efeito Streisand no marketing: tentar censurar ou criticar algo amplifica seu alcance.
A tendência agora é clara: veremos mais campanhas que resgatem a valorização da beleza objetiva, com diversidade estética sem abdicar do apelo visual, simplesmente porque funciona e vende.
Reflexão final
A discussão expõe um ponto essencial: beleza é apenas um dos atributos humanos, mas ainda é um dos mais valorizados na publicidade. O problema não está em uma atriz bonita vender jeans, mas em parte do público reagir com raiva a algo que, objetivamente, não traz ofensa real.
Seja qual for a sua opinião sobre Sidney Sweeney, o caso é um lembrete de como debates culturais podem ser distorcidos quando ideologia, inveja e marketing se misturam. E, no fim das contas, talvez o verdadeiro “escândalo” seja constatar que, sim, beleza vende. Sempre vendeu.